domingo, 30 de dezembro de 2007

Último Poema


Para ti amiga,

sempre!!!


Maria Matos
30.12.1947 /07.12.2007




Minhas Metades


Que a força deste meu medo
não me impeça de ver
O que desejo.
Que a morte de tudo que amei
não me tape nem ouvidos,
nem boca.

Pois metade de mim
é o meu grito,
a outra metade
é o silêncio.

Que oiça sempre ao longe
uma canção linda, mesmo que triste.
Que todos os que amo
sejam sempre amados
embora já me tenham
dito adeus.

Pois metade de mim
é partida,
mas a outra metade
é saudade.

Que todas as palavras que falo
não sejam ouvidas
como obrigação,
apenas respeitadas
como a única coisa que me resta.

Pois metade de mim
é o que escuto,
mas a outra metade
é o que calo.


Que a minha vontade
e ir embora
se transforme na paz que mereço.
Que todo o sofrimento
que me come as entranhas
seja um dia recompensado.

Pois metade de mim
é o que penso
mas a outra
é um vulcão.

Que a solidão se afaste,
no convívio comigo mesma
e se torne suportável.

Que o espelho reflicta
no meu rosto
o doce sorriso que lembro
de ter dado um dia.

Pois metade de mim
é a lembrança do que fui,
A outra metade
eu não sei...

Que não seja preciso
mais do que um pouco de alegria
para acalmar meu espírito.
E que o silêncio me fale
cada vez mais.

Pois metade de mim
é um abrigo
mas a outra metade
é cansaço.

Que a arte de um poeta
me dê uma resposta
mesmo que não a saiba.
Pois sou plateia
mas também canção
nesta loucura desenfreada.

Porque metade de mim
é amor
e a outra metade...
também!



Maria Matos - 2007
















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