terça-feira, 24 de setembro de 2013

António Ramos Rosa RIP




                                                           António Ramos Rosa (1924-2013)

 

Tudo será construído no silêncio, pela força do silêncio, mas o pilar mais forte da construção será uma palavra. Tão viva e densa como o silêncio e que, nascida do silêncio, ao silêncio conduzirá."

 
 António Ramos Rosa, in O Aprendiz Secreto, 2001

 
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ANTÓNIO RAMOS ROSA, in VIAGEM ATRAVÉS DUMA NEBULOSA (1960) e ANTOLOGIA POÉTICA (Publ. D. Quixote, 2001)

 [NÃO POSSO ADIAR O AMOR PARA OUTRO SÉCULO]

 Não posso adiar o amor para outro século

não posso

ainda que o grito sufoque na garganta

ainda que o ódio estale e crepite e arda

sob as montanhas cinzentas

e montanhas cinzentas

 Não posso adiar este abraço

que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar

ainda que a noite pese séculos sobre as costas

e a aurora indecisa demore

não posso adiar para outro século a minha vida

nem o meu amor

nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Salvador Allende e Pablo Neruda.... PRESENTE!!!


Víctor Jara - 1971 - El derecho de vivir en paz


40 anos depois

Aqui publico este magnífico texto de Rui Vieira Nery. Peço desculpa ao autor por usar a sua publicação mas penso que ele deve ser divulgado pela oportunidade da sua análise:

"Faz hoje precisamente quarenta anos teve lugar o golpe de Estado militar que depôs o governo legítimo do Presidente Salvador Allende e instaurou uma das ditaduras mais brutais que a América Latina conheceu no século XX. É ocasião para evocarmos e homenagearmos os milhares de cidadãos presos torturados e assassinados ao longo do regime criminoso presidido pelo General Pinochet. Mas é também tempo para lembrar a sua outra vertente igualmente assassina: a destruição radical do Estado Social, a total desregulamentação da Economia, a supressão dos direitos sociais, a repressão aos sindicatos, o empobrecimento generalizado da população, uma concentração de riqueza nas mãos da elite a uma escala sem precedentes, o ódio à cultura e aos seus criadores - ou seja, o modelo de referência que o Neo-Liberalismo hoje tenta impor por toda a Europa. Não admira que os seus promotores actuais tenham tanta dificuldade em conviver com as garantias constitucionais democráticas e com os tribunais que as sustentam."

Ultimo Discurso de Salvador Allende, el 11 Sept 1973